sábado, 30 de abril de 2011

JÁ NÃO ÉS TU




                                        Já não és tu
                                        quem vejo nesta miragem que teima em voltar,
                                        quase sempre ao entardecer,
                                        para me contemplar lá do alto
                                        onde costumavas aparecer.
                                        Já não és tu
                                        quem pela calada da noite me espreita pela vidraça
                                        projectando, nas paredes,
                                        aquela sombra que me encantava.
                                        Já não és tu
                                        quem povoa a exiguidade da casa,
                                        agora imersa nas ruínas em que a transformaste
                                        com a tua partida,
                                        mas é a mesma a brisa que se expande
                                        tal braços que me envolvem
                                        na forma de um abraço como outrora fazias.
                                        Não, já não és tu
                                        embora a memória teime em mostrar-me
                                        uma imagem antiga onde pairas ainda,
                                        após anos de ausência,
                                        porque para mim eras definitivamente essa personagem,
                                        que vi afastar-se devagar
                                        e que pertence ainda a este lugar
                                        que visito todas as tardes
                                        e onde suspiro enquanto me parece ouvir um canto rouco.
                                        Ouve,
                                        sei que não encontrarei tão cedo
                                        outro continente de eternidade como o que julguei ter
                                        e onde ousei esperar percorrer contigo
                                        a distância dos anos
                                        e por isso choro,
                                        sim choro,
                                        mas um dia, numa carta,
                                        te enviarei esse choro.


                                                       Chris Morris



17 comentários:

  1. Talento não te falta, minha amiga.
    Este poema é soberbo. Parabéns pela excelência das tuas palavras e pelo talento que elas revelam.
    Tem um bom fim de semana.
    Abraço grande.

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  2. Sim... poderá já não ser
    quem pela calada da noite te espreita
    pela vidraça...
    mas é a mesma brisa que te envolve
    na forma de um abraço... como outrora!...


    Belo o teu poema!
    Beijos,
    AL

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  3. Este comentário foi removido pelo autor.

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  4. Chris,

    Obrigada, sempre pelas tuas palavras e presença.

    E que belo poema aqui encontro! Um mar de lembranças bordado com os mais nobres sentimentos! O doce abraço, o canto, a presença serão sempre recordados com saudade... São memórias que a ausência nunca deixará de alimentar pois a presença do coração de mãe será sempre eterna...

    Saio daqui encantada e com um delicioso sentir no peito...

    Os meus parabéns!

    Beijinho

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  5. Olá, Chris! Belíssimo poema! A saudade é uma das sensações mais fortes que podemos sentir, é tão forte que, por vezes, transborda pelos nossos olhos, alheia a nossa vontade... Ah, saudade!

    Adorei o poema, parabéns!

    tenha um lindo final de semana!

    abraços

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  6. muito obrigada Chris por todos os comentários que so agora tenho oportunidade de retribuir! as suas palavras são especiais, acredite.
    É um gosto enorme ler o que escreve aqui. Continue sempre. Felicidades. Bjo, Mafalda

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  7. Para a minha mãe (que está com alzheimer)...

    Hoje, queria ser aquela menina que desenhava nas calçadas com giz colorido.
    Queria ter ainda o velha boneca de tranças com cheiro a jasmim.
    Brincar debaixo de chuva, subir nas arvores e passar a tarde espiando borboletas.
    Quem sabe assim não veria o tempo passar me arremessando em seus vórtices e
    enchendo meus olhos da poeira da vida.
    Eu queria ter de volta os sorrisos que perdi, as lágrimas que desperdicei.
    E só por isto, eu sei que valeu a pena (sobre)viver.
    Hoje sei que os desencontros e as bifurcações da estrada da vida são
    empecilhos necessários para bordar nossos caminhos com esmero.
    Pois são os fios de esperança que abraçam o entrelaçado da alma,
    urdindo sonhos que se materializam…


    A ti querida Cris, um grande abraço do tamanho do mundo! Gosto dos teus elogios, aceito as tuas criticas, e adoro o que escreves...

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  8. Olá Chris
    As memórias, que nos marcam jamais nos abandonam. Quando são más, o melhor que temos a fazer é afasta-las imediatamente. Mas quando são boas, nesse caso, é um prazer pensar nelas e recorda-las principalmente se nos forem queridas. Elas nos inspiram e nos despertam sensações vários como a saudade, esse sentimento tão próprio do ser humano e que os poetas tão bem o cantam.
    Tenho encontrado neste mundo dos blogues gente extraordinária com textos magníficos, em prosa ou em poesia e imagens enigmáticas que me deixam encantado. O seu blogue amigo Chris é um deles. Já li uma parte mas ainda tenho muito para ler que terá que ser com mais calma e tempo. Aproveito também para lhe agradecer a visita e o seu amável comentário.
    Até breve
    Um grande abraço.

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  9. fantástico texto, o meu blog começou também com poemas, mas depois foi mudando, ainda escrevi mais alguns, mas acho que não tenho grande jeito para escrever em prova. :)

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  10. Aplausos, encantador, como sempre.
    Sinto uma felicidade enorme quando vejo você passeando pelo meu espaço, Chris.
    Estava bem afastada, mas voltei agora, com mais gás, vigor, porém as idéias estão confusas e insistem em não virar palavra. Será que desaprendi?

    Um grande beijo, minha querida.
    Estava com saudades.

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  11. Querida amiga Chris, tem um bom fim de semana.
    Beijos.

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  12. Obrigada pela sua presença no meu espaço, foi um prazer ler a mensagem que deixou por lá...mas garanto-lhe que me sinto tão pouco e até mesmo nada...não é falsa modéstia...é porque vejo outros com feitos muito mais ilustres que os meus...muito superiores... de melhor qualidade...mas a vida é assim....estamos sempre entre uns e outros...contudo,isso não me impede de dar o melhor de mim.

    O seu poema; a distância torna tudo uma miragem...algo quase apagado...e as memórias vão se esfumando...mas mesmo desbotadas elas ficam como manchas e nunca mais caem ...umas mais férteis,mais nítidas ...outras nem tanto...o nosso baú ...sem fundo!!!
    Escreva essa carta ...fica como um diário de bordo ...até mesmo como testemunho de uma vida que passou...e que em si se eternizou...

    Ao amor e à saudade!!!

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  13. Belíssimo poema!
    Tenho estado viajando e não pude vir aqui!
    Ah! Tenho saudades quando não venho!
    Um abraço,

    Yara

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  14. Lindo demais....
    A ideia do nada ser como era antes....a dor da ausência...bem sei como é...
    beijo
    BemSei

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  15. BOA TARDE
    PASSANDO PARA TE DESEJAR UM FELIZ DOMINGO.
    Flavia, a felicidade mora ao seu lado, basta você deixa-la entrar.
    Pense assim: Quantas vezes perdemos tantas e tantas oportunidades por não olharmos ao nosso lado? quantas vezes estamos tristes e abandonados por não sentirmos o amor de Deus que nos fala dia a dia? quantas vezes precisamos de muitas provas p/ assim acreditar que podemos melhorar?
    São muitas as respostas, e muitas as perguntas.
    É pouca compreensão, e muita inimizades.
    Por isso acredite que não existe infelicidade e somente felicidade.
    Quando estamos tristes, são apenas momentos.
    Os momentos tristes passam rápido.
    E o tempo cura toda e qualquer dor.
    Por isso acredite que você consegue mudar e siga em frente...
    não desanime jamais!
    a vida é feita de escolhas e você saberá qual caminho tomar...
    beijos e fique bem.

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